Senai-SP Superação: ‘O Senai é uma ONU, integra todo mundo’

07/12/2017 - atualizado às 16:25 em 06/04/2022

Isabela Barros, Agência Indusnet Fiesp

O que não faltam são histórias para contar. Desde 1972 morando no Brasil, para onde se mudou com a família vindo de Taiwan, seu país natal, o professor e técnico de Ensino do Senai-SP Wan Chi Ming, nunca imaginou que a sua vida pudesse se transformar tanto. Aos nove anos, já era funcionário da pastelaria aberta pelo seu pai em Suzano (SP), onde trabalhou até os 24. Foi quando decidiu estudar Gestão em Processo de Produção pela Fatec. O sonho de estudar Medicina foi abandonado pela dificuldade com o idioma, que o impediria de passar no vestibular da Fuvest. Mas quem o vê hoje, dando aulas ou circulando pelos corredores da Escola Senai Francisco Matarazzo e Faculdade de Tecnologia Antoine Skaf, voltadas para a indústria têxtil e instaladas no bairro do Brás, em São Paulo, não consegue imagina-lo de jaleco num hospital.

“Até o colegial tinha muita dificuldade com o português”, conta Ming. “Nunca repeti de ano, mas precisava decorar os conteúdos para passar nas provas”. E assim foi até os tempos da Fatec. “Era muito difícil escrever um parecer técnico”.

As coisas só começaram a melhorar nesse sentido quando ele se matriculou num curso do Senai-SP de costureiro industrial. “Na sequência, fiz todos os cursos de modelagem oferecidos”, lembra. Não saiu mais da instituição, para a qual foi consultor antes de ser convidado a começar a dar aulas. “O Senai-SP é uma ONU, integra todo mundo”, diz.

Sentindo-se apoiado, Ming conta que enfim conseguiu aprender a fazer pareceres técnicos no Senai. “Tive muita ajuda, o suporte que não encontrei em lugar nenhum antes”, diz. “Nunca me senti tão acolhido”.

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Ming: 'Nunca me senti tão acolhido' 

Uma sensação que não se restringe à força para aprimorar o português. “Sendo estrangeiro, já sofri bullying e me senti excluído, o que nunca aconteceu dentro da escola”, conta. “Até porque aqui temos alunos de todos os perfis: judeus, muçulmanos, japoneses, coreanos, gays, transexuais”, afirma. “Um cuida do outro e todos cuidam de todos”.  

Hoje, não consegue se imaginar sem o seu trabalho, para o qual dedica as suas tardes e noites, das 13h às 22h, de segunda a quinta, com mais aulas aos sábados. “Não consigo imaginar a minha vida sem o Senai”, conta. “Me peçam tudo, mas não me tirem as minhas aulas, gosto de gente”.

Hoje pai de dois jovens, um de 20 e outro de 16 anos, ele diz ter levado para casa e para a educação dos filhos a noção de compromisso e carinho com aquilo que se faz. “Isso e mais a vontade de superar, de crescer”, afirma.

Quem o vê tão confiante e feliz, não tem a menor dúvida de que ele diz a verdade.