Senai Mix Design apresenta rotas de fuga para o imaginário e conexão com a natureza por meio de peças de couro e semi joias

31/07/2014 - atualizado às 16:46 em 02/10/2014

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

Uma tendência minimalista, que prima pela reaproximação do indivíduo com a natureza e se reflete em tons terrosos e acabamento fosco para as peças de couro e materiais como madeira reciclada para as semi joias e bijuterias. Essas e outras inspirações foram apresentadas para empresários e profissionais da indústria de artefatos de couro e de semi joias na noite desta quarta-feira (30/07).

A iniciativa faz parte do projeto Senai Mix Design Outono/Inverno – 2015, que envolve um box com um compilado de direções criativas que, a partir de pesquisas das principais tendências globais, apresentam referências de moda e estilo para a indústria.

Segundo a designer Melissa Bosquê, instrutora de artefatos de couro do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP), verifica-se uma tendência global muito forte para uma fuga ao imaginário, ao mundo da fantasia.

“É um mundo romântico, com muitos detalhes, mas também muito sombrio. A gente vai ver muito preto e tons mais fechados, como o vinho”, afirmou Melissa ao apresentar a cartela de cores para os artefatos de couro.

Camurças e napas

Os materiais que devem ser mais usados, segundo a designer, são as camurças e napas de pelos bovinos e caprinos. “Como o nosso inverno é menor que o europeu, temos que ter o cuidado de usar os pelos apenas nos detalhes da peça, num punho da jaqueta, por exemplo”, alertou.

 

Melissa: “A gente vai ver muito preto e tons mais fechados, como o vinho”. Foto: Beto Moussalli/Fiesp

 

Para o fabricante de bolsas, a dica da designer é apostar em muitas aplicações em uma mesma peça. A regra do uso de pelos bovinos e caprinos, nesse caso, é um pouco diferente. “Nesse caso a bolsa pode ser pequena e toda de pelo”.

Os recortes assimétricos para vestuário de couro devem ser predominantes. “A saia rodada também vai ser bastante vista”, disse. “Mas pode explorar a saia plissada também, embora essa seja mais cara para fazer”.

Sem brilho

Melissa explica que as peças sem brilho, com poucas aplicações, sobretudo de metal, e jaquetas com mangas mais ajustadas devem agradar aos que seguem a tendência minimalista. “Para as bolsas, acreditamos que devem ser exploradas os modelos satchel ou sacola”, disse.

Outra inspiração criativa elaborada pela design é o conceito experimental, o qual acena para a experiência com novas misturas, potencializadas pela tecnologia. “Nessa direção há uma necessidade de criação, o aspecto tecnológico também está muito presente. Há um apelo artístico, de colocar o seu olhar”, orientou Melissa.

Todas as inspirações apresentadas por Melissa estão mais detalhadas no box do Senai Mix Design. Mas algumas dicas apresentadas pela designer já alcançaram pessoas como Kelly Cristina Cavani, assistente comercial de uma fabricante de brindes em couro e sintético.

 

Kelly: materiais e texturas aplicados à produção de brindes. Foto: Beto Moussalli/Fiesp

 

“Minha área é de confecção de brindes para fabricantes de cosméticos, a gente produz estojos e necessaires para maquiagens. Vamos conseguir aplicar alguns tipos dos materiais e texturas que foram apresentados”, contou Kelly Cristina logo após a apresentação do novo catálogo.

Um recomeço

A designer de joias Maysa Neves Pimenta, instrutora no Senai de Limeira, também apresentou as inspirações do próximo outono/inverno para o mercado de joias folheadas e bijuterias.

Para os temas que remetem ao minimalismo e à natureza, a frente deve ter materiais de madeira reciclada ou com aspecto ecológico, com banhos em prata e ouro. “O MDF com corte a laser também pode ser usado, dá um aspecto rústico e tem baixo custo”.

Os banhos em prata e materiais acrílicos em diversas formas e cores traduzem o conceito da tendência experimental para as semi joias e bijuterias. Já os banhos e ouro e ródio negro, além de materiais como pérolas, pedras preciosas, cristais e tecidos expressam a chamada vertente surreal do trabalho.

As direções criativas de Maysa foram de encontro com a fase de recomeço de Sandra Regina Gonçalves de Oliveira Bento, de 56 anos. Ela é uma empresária de semi joias e bijuterias finas que tenta retomar as atividades de sua oficina.

Em 2008, Sandra iniciou uma cooperativa virtual de design de bijuterias finas com ao menos 12 artesãs de estados diferentes. “A gente fez nossa primeira coleção em 2008, tudo feito à distância. Isso deu certo durante um tempo, mas, era uma questão de logística, elas moravam muito longe”, relembrou Sandra.

 

Sandra: recomeço a partir das tendências apresentadas pelo Senai Mix Design. Foto: Beto Moussalli/Fiesp

 

Antes de o projeto ser desfeito em 2011, Sandra chegou a expor as peças da cooperativa em feiras no interior e na capital de São Paulo. Algumas chegaram a ser exportadas. Agora sem as artesãs, Sandra se prepara para retomar seu negócio.

“A minha oficina está lá eu quero continuar com a empresa em uma nova cara, o meu forte mesmo vai ser a bijuteria fina com couro e pedras. Estou me preparando para recomeçar com uma visão mais profissional”, garantiu.