Investimentos no Senai-SP devem chegar a R$ 362,6 milhões em 2013

01/07/2013 - atualizado às 15:14 em 18/07/2013

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

Ter 16 dos 36 jovens brasileiros qualificados para o maior torneio de ensino profissionalizante do mundo, o WorldSkills 2013, que começa nesta terça-feira (02/07), em Leipzig, na Alemanha, é apenas um indicador da capacidade de formação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP).

Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Laboratório do Senai-SP: formação de alto nível, com 16 jovens no WorldSkills.

Para manter a qualidade de ensino, o Senai-SP deve receber, somente no ano de 2013, investimentos de R$ 362,6 milhões, valor 16% maior em relação ao investido no ano anterior. A finalidade é ampliar unidades, construir novas, adquirir equipamentos de tecnologia e capacitar os  profissionais da entidade.

O presidente do Senai-SP e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) , Paulo Skaf, lembra que a indústria paulista investe de forma permanente em qualificação para preparar alunos não só para o mercado de trabalho, mas para a vida. “Educação melhora a vida das pessoas. E educação profissional aumenta as oportunidades de conseguir um bom emprego, um salário melhor, mais qualidade de vida. É uma base sólida para o desenvolvimento do país.”

Segundo o diretor regional do Senai-SP, Walter Vicioni, um dos destinos dos recursos no ano de 2013 é atender a crescente demanda por mão de obra nos setores aeronáutico e ferroviário.

“A Embraer se associou com a Boeing e a gente precisa ter equipes boas de manutenção porque há uma demanda boa para esse tipo de atividade. O setor passou a ser contribuinte do Senai-SP e estamos nos adequando com unidades móveis e células de aviação”, disse o diretor regional do Senai-SP.

Em 2012, a rede de ensino assinou um protocolo de intenções, em parceria com o Ministério da Educação da França, a Embaixada da França e representantes de empresas francesas do setor aeronáutico, para oferecer cursos de capacitação voltados ao setor. O objetivo desse projeto é atender 752 alunos em cursos técnicos e cinco mil em programa de educação continuada em fabricação e manutenção de aeronaves.

No caso do setor ferroviário, a demanda por mão de obra tende a aumentar depois que o governo federal lançou, em agosto de 2012, um plano de concessões que prevê mais de R$ 50 bilhões de investimentos em ferrovias em cinco anos.

“Essa questão de logística de transporte vai exigir que a gente seja proativo em articular com outros órgãos. Buscar conhecimentos, observar as melhores práticas desse setor na Europa. Estamos nos preparando”, completou.

Em 2012, foram investidos R$ 312,7 milhões em expansão da rede Senai-SP e atualização tecnológica das escolas. Do valor total, R$ 191 milhões foram aportados para obras de ampliação e novas unidades e R$ 121,6 milhões para aquisição de novos equipamentos.

Foto: Vitor Salgado/Fiesp
Vicioni: foco na formação de profissionais para os setores aeronáutico e ferroviário. 

Em 2013, além dos recursos aplicados em obras e equipamentos, o orçamento ganhou outra prioridade: investir em centros de capacitação de docentes.  “Nós não temos profissionais do ensino, temos profissionais que ensinam. A gente tem uma formação prática. Então, os centros têm também por objetivo criar condições para que nossos profissionais possam ensinar”, afirma Vicioni.

Embora qualificar mão de obra para os setores aeronáutico e ferroviário seja um movimento natural em um cenário que o país sofre com gargalos de infraestrutura, transporte e logística, o Senai-SP, de acordo com Vicioni, tem como missão preparar os alunos para encarar as transformações que o mercado certamente vai sofrer no futuro.  “Os equipamentos e os processos produtivos moderno precisam estar presentes, mas temos de ir além porque essa realidade é de mutação. E a formação profissional sempre se coloca no horizonte do futuro”, observa o diretor regional do Senai-SP.

“Os investimentos são algo única e exclusivamente material. Mas levando em conta o espaço de trabalho, o aluno precisa ter uma formação em que se permite agir e reagir às inovações tecnológicas”, acrescenta.

Políticas descoladas

Segundo Vicioni, um dos problemas para estimular investimentos no Brasil é a falta de integração entre as políticas de incentivo à educação, tecnologia e produção. “As políticas industriais, tecnológicas e educacionais são três politicas descoladas”, assinala Vicioni.  “Você não sabe para onde o país está indo para poder investir”.