Estamos provocando o renascimento das pessoas, afirma Sylvio de Barros Filho sobre projeto da Fiesp com Afroreggae

30/09/2013 - atualizado às 18:03 em 30/09/2013

Dulce Moraes e Juan Saavedra (com colaboração de Daniela Morrison), Agência Indusnet Fiesp

Durante a cerimônia de boas vindas aos alunos da primeira turma de egressos do sistema prisional que farão curso de panificação no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP), o diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Sylvio Alves de Barros Filho, destacou a importância do projeto para as indústrias e, principalmente, para a sociedade.

O titular do Departamento de Ação Regional da Fiesp relembrou que o projeto é fruto de um sonho do presidente da entidade, Paulo Skaf, que sempre quis que as instituições da indústria desenvolvessem alguma iniciativa voltada para reinserção profissional de egressos do sistema penitenciário.

Para Sylvio de Barros Filho, a dedicação dos alunos da turma inicial tem um significado grandioso. “É uma oportunidade importante não só pelo projeto-piloto em si, mas, principalmente, para vocês [alunos], que serão exemplos para que outras pessoas possam fazer o caminho de vocês.”

O diretor da Fiesp destacou a participação do Senai-SP, que fará a capacitação profissional, do Sindipan-SP, que motivará as empresas do setor a ofertar vagas de trabalho aos alunos, e do AfroReggae, que fará o acompanhamento social desses alunos e suas famílias.

Para os dez alunos da primeira turma, as aulas começaram na segunda-feira (16/09). O curso terá 200 horas de duração, período em que receberão uma bolsa-auxílio, com recursos provenientes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do Ministério da Educação. Eles também contarão com acompanhamento familiar promovido pela equipe do Afroreggae e, após a conclusão do curso, serão empregados por panificadoras associadas ao Sindipan-SP.

Principais trechos da entrevista com Sylvio de Barros Filho:

Nova jornada: “Hoje se inicia uma etapa que espero que seja duradoura, que é a de capacitar os egressos e que eles saiam daqui realmente com um emprego através do Sindipan-SP.  Nós vamos colocá-los nas diversas panificadoras no Estado de São Paulo.”

Emprego e dignidade “As empresas panificadoras abriram a possibilidade dos egressos [do sistema prisional] saírem daqui empregados. E eles contribuirão para os resultados das empresas do setor produzindo o pão francês, que é o carro-chefe das panificadoras.”

Força de vontade: “Eles demonstram uma vontade bastante grande para se reinserir na sociedade e conseguir tudo aquilo que para gente é uma normalidade, mas, para eles não é. Vamos empregá-los para que possam participar da sociedade e ter suas famílias assistidas. É importante que eles [egressos] tenham esse renascimento, essa nova vida. É importante para a sociedade e para todos nós, que participamos do projeto”.

Acompanhamento familiar: “A ideia é que, num segundo momento, o AfroReggae faça um acompanhamento desses alunos e de suas famílias. Os problemas deles não iguais aos nossos, às vezes são maiores ou menores, mas têm uma ótica diferente da nossa”.

Fazendo história: “O presidente [Paulo Skaf] está fazendo história. A Fiesp faz história por que ele monta as coisas. Era um sonho dele e, hoje, conseguimos a primeira parte de uma realidade. Isso é  importante para Fiesp, para o Afroreggae, para o Sindipan-SP e, fundamentalmente, para os alunos que, de repente se sentirão fazendo parte de uma coisa que eles viam de longe e que tinham pouca esperança de fazer”.

Outros  setores: “A ideia é que todos Sindicatos possam absorver a ideia. Pensamos no Sindipan-SP. Primeiro por ser o setor com um número bastante grande de empresas dentro do município e estado de São Paulo. E o interessante é que, nesse caso específico, os alunos entram participando diretamente no resultado das empresas.”

Mão na massa: “Os alunos terão o curso inicial de pão francês, que é o carro-chefe de todas as panificadoras. Eu disse a eles que, se tiverem, realmente, a famosa ‘mão na massa’, vão participar ativamente do resultado dessas panificadoras”.

Confiança dos empresários: “O certificado do Senai-SP dá credibilidade para os empregadores. Hoje ouvimos a história de uma pessoa que foi detento e, hoje, fez carreira e, há oito anos, já está no mercado como panificador.  Ele foi muito sincero e nos disse que conseguiu realizar as coisas que tinha sonhado”.

Mudando o futuro: “Essa iniciativa é espetacular para essas pessoas. Você vê a diferença deles nos olhos, na alegria, no falar. De repente, eles saíram de um lugar em que não tinham oportunidade e hoje estão tendo. É isso que estamos fazendo”.