Economia Circular ganha força com projetos de PD&I voltados à sustentabilidade industrial
26/05/2025 - atualizado às 16:11 em 30/05/2025
Com apoio do SENAI-SP, empresas e startups desenvolvem soluções que unem inovação e sustentabilidade para fortalecer a indústria paulista
A Economia Circular tem ganhado relevância crescente na indústria e representa uma estratégia eficiente para promover processos produtivos mais sustentáveis e inovadores. Atento a essa transformação, o SENAI-SP tem apoiado empresas e startups em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) voltados ao reaproveitamento de materiais, à redução de impactos ambientais e ao aumento da eficiência nos processos industriais.
Recentemente, São Paulo foi palco do maior evento global sobre o tema, o World Circular Economy Forum (WCEF), realizado pela primeira vez na América Latina. A vinda do evento ao Brasil foi resultado da articulação entre FIESP, SENAI-SP, SITRA (Fundo Finlandês de Inovação), CNI e SENAI Nacional. A participação reafirma o compromisso da instituição em atuar de forma estratégica em todos os pilares da circularidade: da formação de pessoas ao desenvolvimento de tecnologias.
Soluções para diferentes setores industriais
No Distrito Tecnológico do SENAI-SP, projetos realizados com empresas mostram como a circularidade pode resultar em aplicações inovadoras e benefícios concretos para a indústria.
Na construção civil, dois desses projetos reaproveitam resíduos industriais de forma inovadora. Um deles desenvolve lajotas sustentáveis feitas a partir de resíduos da indústria têxtil. Já o outro transforma sobras de sacarias industriais, como papel cimentício, em texturas e argamassas colantes, com desempenho técnico semelhante ao dos materiais convencionais.
Na área de embalagens, o desafio da reciclagem de estruturas multicamadas deu origem a uma formulação que permite o reaproveitamento desses resíduos em componentes plásticos de alta resistência mecânica. Também foi criado um filme plástico biodegradável com ação antimicrobiana, feito a partir de material reciclado e aditivos que auxiliam na decomposição.
Na indústria agrícola, pesquisas em materiais avançados avaliaram a reciclabilidade de bombonas utilizadas para armazenar defensivos agrícolas. O resultado apontou que bombonas feitas com um único tipo de material podem ser recicladas mais vezes e com menor perda de desempenho, facilitando sua reinserção na cadeia produtiva.
Biotecnologia e energia com menor impacto
A biotecnologia também tem desempenhado um papel estratégico para a sustentabilidade na indústria. Um dos projetos desenvolve microrganismos capazes de tratar resíduos industriais do setor siderúrgico, produzindo biogás e hidrogênio verde e simultaneamente reduzindo poluentes dos processos industriais e águas residuais. Outro estudo usa microrganismos para produzir resveratrol - um composto antioxidante usado na indústria cosmética - de forma mais sustentável, substituindo processos de extração química.
No setor de bioenergia, a parceria entre Raízen, Shell e SENAI-SP deu origem ao Centro de Bioenergia, especializado na otimização tecnológica do processo de produção do Etanol de Segunda Geração (E2G)a partir do bagaço da cana-de-açúcar. A iniciativa promove maior eficiência no uso da biomassa e menor pegada de carbono.
Já na área de manufatura avançada, um dispositivo inteligente recupera e reutiliza o calor residual da água descartada durante o banho, reduzindo em até 40% o consumo de energia elétrica necessária para aquecer o chuveiro. Outra solução, conectada via IoT (Internet das Coisas), transforma resíduos orgânicos gerados por restaurantes, supermercados e eventos em adubo por meio de um processo de compostagem acelerada.
Empreendedorismo Industrial: startups criam soluções inovadoras a partir de resíduos
O fomento à economia circular também passa pelo apoio às startups por meio de programas do UpLab SENAI-SP, como a Residência Tecnológica, que oferece mentoria especializada para modelagem de negócio, e a Chamada de Desenvolvimento Tecnológico, que aporta recursos financeiros para acelerar soluções inovadoras. Ambas conectam diretamente as startups aos desafios reais da indústria.
É o caso da Brechó do Carbono, que transforma resíduos têxteis em carvão e carvão ativado por meio da pirólise - processo térmico sem oxigênio -, transformando resíduos sintéticos em insumos agrícolas, reduzindo o descarte e promovendo a regeneração do solo. Já a Recigreen atua na logística reversa e reciclagem de embalagens da construção civil, com tecnologia que remove até 98% dos resíduos sem uso de água, reciclando o papel kraft para blocos de concreto.
A Aiper, por sua vez, desenvolve biopigmentos a partir de resíduos agrícolas, reduzindo o uso de insumos químicos e as emissões de CO2 no setor têxtil. A startup recebeu apoio técnico do SENAI-SP para otimizar sua produção e fazer a modelagem de negócios, com roadmap tecnológico.
Também com foco em reaproveitamento, mas na cadeia alimentar, a Bean Possible converte variedades subutilizadas de feijão em ingredientes alimentares com elevado valor agregado, como proteínas, fibras solúveis e amidos. A proposta busca transformar um insumo antes descartado em ingredientes para a indústria de alimentos à base de feijão, como proteína, fibra solúvel e amido.
Essas soluções mostram que a Economia Circular não é apenas tendência, mas caminho concreto para uma indústria mais inteligente e competitiva. Com suporte do SENAI-SP, empresas e startups contam com apoio técnico, mentoria especializada e conexão com o ecossistema produtivo para transformar desafios em soluções sustentáveis e inovadoras.