Como aplicar o BIM na prática?

Ao iniciar os estudos de como aplicar a metodologia BIM nas empresas, é necessário entender como a empresa se comporta. Para abordar essas questões, o especialista que realizará a implementação da metodologia BIM necessita de conhecimentos prévios de gestão empresarial e de processos, não restritos apenas a conhecimentos técnicos e específicos de softwares, como muitos profissionais do mercado nacional abordam o tema.

Para a efetiva implementação da metodologia BIM, é necessário o aprofundamento de estudo em três pilares: processos, tecnologias e políticas/pessoas).

A implementação BIM inicia-se no escritório através do diagnóstico da empresa, identificando sua estrutura organizacional. O entendimento do estado atual do escritório de projeto tem por escopo identificar sua missão, visão e processos alinhados à expectativa dos proprietários, “[...] visando o alcance dos objetivos estabelecidos pelos planejamentos das empresas.” (OLIVEIRA, 2014, p. 13); assim como compreender a sua cadeia de valor, pois seus produtos e serviços “[...] têm características e funcionalidades que alguns clientes podem perceber como benefícios, uma vez que resolvem problemas, trazem ganhos ou eliminam atividades desnecessárias de suas vidas.’’ (BRANCO, 2016, p.23).

Dado o entendimento geral do escritório de arquitetura, discute-se internamente a modelagem de processos, pois este mapeamento “[...] permite estabelecer a lógica da cadeia de valor necessária para o alinhamento entre os processos da unidade e a estratégia da instituição” (CASADO, 2017, p. 14).

Contextualizado o modelo de negócio e todo seu mecanismo, adota-se a jornada de entendimento de todos os envolvidos sobre os conceitos do BIM, objetivando-se a compreensão equalizada sobre a metodologia. Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), a equipe deve elaborar “[...] o escopo da implementação BIM no projeto, identificar os fluxos dos processos para as atividades BIM [...]” (CBIC, 2016, p. 20).

A equipe, estruturada para o plano de implementação BIM, analisa os usos BIM pertinentes ao core business do escritório. De acordo com a CBIC, cada aplicação BIM exigirá que as informações sejam específicas em sua modelagem e seu processo para determinação de cada projeto BIM (CBIC, 2016, p.58).

Nesta implementação, o escritório escolhe o seu uso BIM, como, por exemplo, Design Autoral, utilizando um software determinado. Pode-se citar o Archicad de modelagem arquitetônica, fornecido pela empresa Graphisoft.

A escolha do uso BIM colabora “[...] na definição dos objetivos e na identificação dos principais processos que deverão ser mapeados e revistos. Esse é o primeiro principal passo indicado para um projeto de implementação e deverá nortear todo o processo.” (CBIC, 2016, p.31). 

Alinhando os novos processos necessários para a utilização da metodologia BIM com os processos habituais do escritório, deve-se reestruturá-los para a determinação de um estado futuro (TO BE). Esta “[...] etapa de implementação avalia o desempenho do processo através de métricas relacionadas às metas e ao valor para a organização, podendo resultar em atividades de melhoria, redesenho ou reengenharia.” (MPF, 2013, p.40).

Com os processos reestruturados, o escritório determina um projeto piloto, podendo ser algo que já fora executado ou que está em fase de desenvolvimento com flexibilidade de cronograma. Conforme recomendado pela CBIC, o projeto deverá ser cuidadosamente estudado para que absorva as características dos projetos mais comuns no escritório e sejam determinados objetivos bem definidos para análises posteriores. (CBIC, 2016, p.48).

Por último, utiliza-se do ciclo PDCA (Plan - planejar; Do - agir; Check - verificar; Act - agir), pois esse movimento “[...] pode identificar novos problemas ou avanços a cada ciclo realizado, com vistas à melhoria contínua” (SELEME, 2012, p. 28). Desta forma, garante-se o controle dos novos processos, melhorando o novo mecanismo estabelecido nos escritórios de arquitetura, através da avaliação e de análises dos resultados alcançados de acordo com a maturidade BIM.

O ato de planejar a implementação BIM deve superar o conceito de apenas adquirir um software de documentação automática, pois a metodologia exige a organização de processos, tecnologias e políticas (pessoas).

Conclui-se que as empresas estão aptas a se transformarem, porém precisam de profissionais que elevem a maturidade empresarial para promover o potencial do BIM. Somente desta maneira irão evoluir nos negócios, se posicionar nas novas oportunidades e entregar maior valor aos seus clientes.

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O SENAI-SP oferece a pós-graduação em Gestão de Projetos com Ênfase em BIM, em uma parceria inédita com o ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto), uma das mais antigas escolas de Engenharia de Portugal. O curso é online e destinado a alunos de todo o Brasil com formação em Engenharia Civil, Arquitetura, Tecnologia e áreas correlatas.

Artigo escrito por especialistas do Instituto SENAI de Tecnologia em Construção Civil: Andressa Cavalcante de Sousa; Brendon Donizete da Silva; Cristiano Nascimento Alves; Gabriela de Oliveira Renna; Renata Muoio da Silva Vaz; Rubem Escudeiro Piologo; Vinicius Santiago Alface.

Referências:

ALENCAR, BRUNA; SOUZA, DANIEL. Manual de gestão por processos. 1 ed. Brasília: Ministério Público Federal da República, 2013.

BRANCO, RENATO; LEITE, DINAH; JUNIOR, RUBENS. Gestão colaborativa de projetos: a combinação de design thinking e ferramentas práticas para gerenciar seus projetos. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

CASADO, FRANK. Guia de mapeamento de processos. 1 ed. Santa Maria: UFSM, Proplan, 2017.

CATELANI, WILTON. Coletânea Implementação BIM para construtoras e incorporadoras. 1 ed. Brasília: CBIC, 2016.

OLIVEIRA, DJALMA DE PINHO REBOUÇAS. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 21 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

ROSA,  CLÁUDIO.  Modelo de  negócios:  kit  de  ferramentas. 1 ed.  Belo Horizonte: New360, 2016.

SELEME, ROBSON; STADLER HUMBERTO. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. 2 ed. Curitiba: Ibpex, 2012.