Aluna do Senai-SP supera dificuldades e leva medalha de prata no WorldSkills

19/07/2013 - atualizado às 15:59 em 30/07/2013

Alice Assunção, Agência Indusnet Fiesp

“Perdi minha medalha”, pensou Renata Santos, aluna do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (Senai-SP), quando chegou ao Centro de Convenções de Leipzig, na Alemanha, para participar da 42ª edição do WorldSkills e soube que não poderia usar seu próprio equipamento. Felizmente, o que a competidora de apenas 17 anos temia não aconteceu: ela trouxe para o Brasil a medalha de prata na categoria joalheria.

Renata foi a única mulher do Senai-SP a ocupar um lugar no pódio e a aluna mais nova de sua escola, a "Mariano Ferraz", na Vila Leopoldina, na capital paulista, a viajar para o torneio mundial, o principal do ensino profissionalizante no mundo. Ela treinou dois anos e meio para disputar o WorldSkills. E por todo esse tempo usou, por exemplo, um maçarico específico. No dia da primeira prova, veio a notícia inesperada: seria permitido utilizar apenas as ferramentas fornecidas pela organização.

Foto: Arquivo Pessoal
Renata: prata em joalheria, mesmo com um material com o qual não estava acostumada.


Muita calma nessa hora 

“Você fica utilizando a mesma ferramenta, pega a técnica e aí tem que usar um equipamento que nunca usou”, lembra Renata, que estranhou até o avental fornecido para as provas.  “Eles me deram um avental de couro com um cheiro muito forte de azeite de oliva”, diz. “No primeiro instante, meu olho encheu de lágrimas e pensei: perdi minha medalha”, conta.

Passado o susto, Renata conseguiu recuperar a calma e a confiança com as quais deixou São Paulo rumo à Alemanha. Como estratégia para vencer as provas, e os próprios medos, Renata criou o hábito de rever fotos da equipe do Senai-SP e das peças feitas por ela enquanto ainda treinava.

O método deu certo, e antes mesmo de chegar ao final da competição, já estava sendo reconhecida pelo seu esforço. “No último dia de prova um professor do Reino Unido chegou e me deu parabéns”, conta.  “Ele disse que aprendeu a me admirar porque mantive a calma no momento em que fiquei sabendo que não poderia trocar o maçarico”.

No pódio, ela dividiu a segunda colocação na categoria joalheria com o iraniano Moslem Khajouei. “Quando subi no pódio eu chorei por não estar em primeiro lugar, porque sabia que tinha capacidade para mais se não fosse por um detalhe”, diz. “Mas depois vi que a minha medalha tinha peso de ouro por conta do meu esforço”.

O caminho para Leipzig para Renata começou após o encerramento da Olímpiada do Conhecimento, etapa nacional da competição do ensino profissionalizante classificatória para o WorldSkills, em novembro de 2012. De lá para cá, Renata passou a treinar das 7h30 às 21h para o mundial. Período pelo qual “não trocaria por nada”, garante a estudante.

Objetivo de vida: ensinar

Renata foi contratada com trainee pelo Senai-SP para preparar alunos que vão competir no São Paulo Skills, disputa que vai reunir alunos do ensino profissionalizante de todo o estado em setembro deste ano.

Trabalhar em ateliê de joias, por enquanto não está nos planos. A medalhista de prata no WorldSkills  2013 acredita que o setor ainda tem muito a melhorar em termos de processo, confecção e organização. E sua melhor contribuição para esse mercado, no momento, é ajudar na formação de profissionais mais bem preparados.

“Esse é meu objetivo: ensinar. Tem muita coisa que pode melhorar”, afirma.